A Lei e a Graça

A última trincheira dos que observam o primeiro dia em vez do sábado de Deus é afirmar que "a lei foi abolida, cravada na cruz" e que agora, neste tempo da graça, não estamos mais obrigados a guardar o sábado. Se isso fosse verdade poderíamos então perguntar: por que precisamos abster-nos de profanar, de assassinar, de adulterar, de roubar, e de outras coisas?

  1. O Código Mosaico era triplo: Moral (os dez mandamentos, o Decálogo); Cerimonial (as ordenaças) e Civil (os julgamentos). A lei moral era uma codificação de princípios universais e eternos. As outras duas eram nacionais e temporárias, dirigindo a vida religiosa e social de Israel.
  2. A "lei" como um conjunto de regras, deve ser distingüida da "lei" como método de procedimento de Deus para com a humanidade pecadora entre o Sinai e o Calvário.

A) Caráter e Propósito da Lei Moral

  1. Salmo 19.7-11; Salmo 111.7-8; Mateus 5.18; Lucas 16.17; Romanos 7:12. A lei de Deus é perfeita, completa, segura, reta, pura, verdadeira, honesta, santa, justa e eterna.
  2. Romanos 10.5; Mateus 19.17; Lucas 10.28. A lei indica a vontade de Deus quanto à conduta do homem, define a perfeição. A guarda perfeita dos mandamentos teria como recompensa a vida eterna. Como ninguém pode fazer isso, porque "todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus", teve que ser provido um outro meio para nossa justificação.
  3. I João 3.4; Romanos 3.20, Romanos 3.28-31; Romanos 7:7. Quando alguém contempla o padrão perfeito verifica que o violou e que, portanto, é um pecador, porque pecado é a transgressão da lei. A lei nos declara culpados e nos mostra a necessidade de um Salvador. (N.T. A melhor tradução de 1 João 3.4, "pecado é transgressão da lei" encontra-se nas seguintes versões: Revista e Atualizada de Almeida, Rohden, King James, Authorized Version, Giovanne Diodati, Louis Segond, Casidoro de Reina).
  4. I Timóteo 1.8. O "uso legítimo" da lei visa convencer do pecado, como quando se olha para um espelho e se vê imperfeições físicas. É um diagnóstico, não um remédio. O remédio é o evangelho, porém, o diagnóstico deve preceder ao remédio.
  5. Tiago 2.10,11; 1 João 3.4; Romanos 6.23. Poderíamos aduzir ou parafrasear a primeira referência da seguinte maneira: "Porque aquele que disse: Não matarás, também disse: Lembra-te do dia de sábado para o santificar. Se tu pois não matares, mas profanares o sábado, tornar-te-ás um transgressor da lei". Isso é pecado, e o salário do pecado é a morte. Todavia, como Jesus pagou a penalidade por nós (cf. Gálatas 3.10,13), estamos pois livres da maldição da lei - a morte. Não obstante, será que estamos livres para ignorar a lei e para transgredí-la?
  6. Isaías 2.2-3; Isaías 66:22-25. O quarto mandamento será guardado durante o milênio e na nova terra.
  7. Gálatas 3.23-26. "Lei" e "Graça" não são sistemas em oposição, mas partes integrantes do mesmo plano: a redenção da humanidade pecadora. A salvação sempre tem sido "pela graça, por meio da fé". No Velho Testamento os homens foram salvos por essa forma. Foi a graça de Deus que deu o sistema sacrificial na lei cerimonial, de modo que as transgressões da sua lei moral pudessem ser "cobertas". Porém, a graça não foi totalmente revelada até à morte de Cristo, mostrando-nos o nosso pecado e a necessidade de um Salvador. A lei cerimonial, pelos sacrifícios simbólicos, nos ensina a respeito de Cristo e da sua obra expiatória, e desse modo, também, "nos conduz a Cristo".

 B) A Lei Moral Foi Abolida?

  1. Mateus 11.13; Lucas 16.16; João 1.17. A "dispensação" da lei findou com Jesus, sendo substituída pela "dispensação" da graça. Mas não pensemos que não havia graça antes do Calvário, porquanto, a graça de Deus entrou em ação assim que o homem pecou. Ele proveu um meio de perdão e de livramento da culpa assim que se fez necessário.
  2. Mateus 5.17,18. Jesus Cristo não ab-rogou (ou seja aboliu) a lei, mas cumpriu-a - a moral, obedecendo perfeitamente em todo o seu sentido e a cerimonial, tomando o lugar de todos os tipos.
  3. Mateus 4.14; Romanos 13.10; Gálatas 5.14; 6.2. "Cumprir" de maneira nenhuma significa "abolir".
  4. Gálatas 3.23-25; 4.1,2. O "aio" ou "tutor" cuidava que a vontade do pai fosse respeitada até que o menino atingisse a maioridade. Então o rapaz era diretamente responsável perante o seu pai e fazia a sua vontade não por temor do "aio" mas por amor a seu pai.
    • Debaixo da lei a obediência era exigida; debaixo da graça ela é "gravada" (conf. Hebreus 10.16). Guardamos os princípios da lei porque amamos a Deus, o nosso Pai celestial, pelo novo nascimento. O sistema antigo está abolido, mas não os requisitos morais da lei.
  5. Romanos 10.4,5. Não obtemos mais a justiça pela observância da lei, mas pela fé em Cristo, cuja justiça nos é imputada. Isto não significa que findaram os princípios do Decálogo, mas que findou a justiça pela observância dos mesmos. Contudo, por causa do seu Espírito que habita em nós, fazemos as coisas que a sua lei exige. Cristo não é o "fim da lei", nem o "fim da justiça", mas o fim do esforço para se conseguir justiça pela observância da lei. (conf. Lucas 22.37, onde lemos que Cristo é o "fim das profecias", isto é, ele é a finalidade e o objetivo delas). (N.T. Veja as versões King James, em inglês, e Trinitariana, em português.)
  6. Colossenses 2.14-17. A "cédula das ordenanças", incluindo os sábados cerimônias, foi cravada na cruz. O sábado semanal não era uma "ordenança" e não era "contra nós" (Conf. Marcos 2.27). O que foi abolido foi o sistema, o método de procedimento de Deus para com os homens pecadores entre o Sinai e o Calvário.
  7. Efésios 2.14-16. A "parede de separação" consistia das "ordenanças". Era o sistema cerimonial dos judeus, do qual o sábado semanal não fazia parte. Este último fazia parte da definição de pecado.

Conclusão

A "lei" que realmente foi abolida em Cristo foi o sistema, o método, a "dispensação", e não o padrão de conduta contido na lei moral. Estes princípios não foram modificados nem abolidos; mas somos colocados, mediante a fé, numa nova relação com eles.

É absurdo dizer-se que "a lei foi abolida", porque, neste caso, não haveria pecado (confira Romanos 6:1-4,14,15). Isto seria uma anarquia, pois, de acordo com 1 João 3.4, pecado é ilegalidade.


Capitulo do livro:
O SANTO DIA DE DEUS
Sete Estudos Sobre a Verdade do Sábado
De: Rev. Lester G. Osborn
"E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou" Gênesis 2.3

Estudo cedido pela Conferência Batista do Sétimo Dia Brasileira, todos os Direitos reservados.
Lester Glen Osborn 1894-1966 foi um pastor Batista do Sétimo Dia americano. Seus muitos interesses eram variados, e ele aproveitava a vida ao máximo, mas era sempre mais feliz quando trabalhava mais arduamente para seu Mestre e Salvador. Em sua máquina de escrever quando foi levado, o pastor Osborn estava preparando um sermão intitulado "What a Change". Foi prefaciado com as palavras de João 5:24 - "Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou ... passou da morte para a vida."